quinta-feira, 15 de março de 2012

E se um dia perder a cabeça?




Pois bem... alguém já viu uma girafa dormindo? Roncando?


Quando descobri, por mero acaso, que as girafas podem desatarrachar suas cabeças e pendurá-las, com procedimento e segurança e para descanso e reflexão, tive um espasmo muscular de riso febril e de espanto genuíno: “Como nunca percebemos esta característica tão sobrenatural e formidável desses seres pescoçais?”


A verdade é que nunca vira “Discovery Channel”, “National Geographic”, “Superinteressante”, ou qualquer publicação do gênero explorar esta potencialidade incrível das girafas. Um espetáculo! Haja superlativos para explicar este dom. As girafas simplesmente desatarracham as cabeças e as colocam para repousar. Fica lá o pescoção, sem nada, nadinha da silva, para lhe ornamentar. É verdade que pelo tamanho das girafas - e ninguém fica olhando para o teto procurando a cabeça de uma girafa, pois sempre paramos e nos embriagamos com o pescoço - é difícil ter a noção exata do que acontece nas cabeças girafais. Mas, convenhamos, um feito desta magnitude tinha que ser louvado, em prosa, verso e oração.


O que mais me espantou foi a naturalidade com que as girafas retiram suas cabeças. Para quem não tem membros superiores, o improvável acontece de forma quase lógica: O pescoção começa a girar, contorcionismo puro, ela faz uma mira e prum... a cabeça voa e se estaciona numa árvore, num andar de edifício, num andaime qualquer. E para colocar de volta? A danada se recolhe um pouco, quase um agachar, e a atarracha, num golpe de pura mágica. Se fosse dado a misticismos ou crendices outras, diria que trata-se de um ser mágico, divino, colossal, um unicórnio ou um dragão. Em cotejo com este estupendo fenômeno da natureza, o fantástico, a mente humana e suas assombrosas teorias divinais ou a própria roda, quiça o ar condicionado, se transformam em miudezas.


Fico imaginando se os autores dos contos de fadas para crianças, como “Papai Noel”, “Coelhinho da Páscoa”, “O Homem do Saco” e o “Bicho Papão”, tinham a exata noção do que acontecia nas savanas africanas, e escondiam com perfídia dos incautos normais tal sabedoria – o que explicaria a longevidade no imaginário popular e infantil de tais estórias, ou se o engenho humano ainda pode criar histórias ainda mais incríveis, sabedores que somos, só agora, da minha descoberta. Torço vivamente pela segunda hipótese.


Reconhecer que um mamífero de cinco metros, repito – cinco metros! - pode desatarrachar a cabeça amplia, e muito, nossas possibilidades de imaginação: “Darth Vader”, o “Curupira”, “Harry Potter”, “Jeanie é um gênio”, “Governo de Coalizão”! Que nada, se as girafas podem o que podem, nós podemos ainda mais!


2012. março, 14.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Articulação Sinovial e Complexa...

Um antigo, esquecido num canto.

Mas sobre um tema absolutamente relevante: Joelhos.


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Que coisa é essa.....

joelhos são joelhos e ponto final.

mas que joelhos.... armazenam sussurros contidos... comprimidos

sustentam coxas alegres, bela paisagem.

caminho suave do olhar, desvio obrigatório.

rota de passagem de muito querer.

que joelhos.... há caminhos que me levam a tocá-los?




Que joelhos são esses que me dizem tudo o que quero?

Somente um olhar basta para reconhecer cada prazer...

Cada prazer que poderia ter, que poderia ser... tocar.


Que joelhos são esses? Joelhos são joelhos e ponto final.


1994. nalgum canto.

PS.: Obrigado à Vanessa Dantas e ao Xico Sá, que me fizeram lembrar deste poema numa tuitada de hoje.