sexta-feira, 1 de junho de 2012

As cinzas de uma cidade

Escrevi estas linhas no tal do feicebuqui. Mas é que tem coisa que deixa a gente triste. É preciso escrever, um exercício para desopilar o fígado.

São Paulo, a cidade, o estado: O que estamos fazendo com a gente? Cinzamente.

____________________________





São Paulo está uma cidade feia. Que enfeia a cada dia. Que fica cinza asfalto, cinza vida, cinza hipócrita.

Fecharam o Bar do Binho...
http://marcelinofreire.wordpress.com/2012/06/01/binho-moinho-pinheirinho-2/


Quem não conhece o "Sarau do Binho" desconhece talvez uma das mais interessantes manifestações culturais que acontecem na parte bela de São Paulo: Os saraus. É o Cooperifa, organizado poeta Sergio Vaz (
http://www.colecionadordepedras1.blogspot.com.br/), é o Sarau do Fundão, é o Sarau do Binho, e são outros entre outros.

Nesses lugares afastados da Berrini, da Vila Olímpia, dos Pinheiros, da Paulista, da descolada Vila Madá, pessoas se encontram para declamar, contar, cantar, vivenciar.
Pois bem, o Binho não conseguiu “regularizar” sua situação com a Prefeitura, a despeito de uma luta inglória contra a burocracia. A Sub Prefeitura do Campo Limpo foi lá e prum: mandou fechar.

http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidades/2012/05/kassab-fecha-bar-do-sarau-do-binho

Tudo pela lei! Ora, a lei...

Ora, pelotas! Recentemente um empreendimento imobiliário recebeu “carta branca” do prefeito, mesmo descumprindo as contrapartidas que legislação municipal exige dos chamados “polos geradores de tráfego” (não confundir com tráfico, de influência). Separei algumas matérias do Estadão que contam a novela do “shopping JK” para formular um singelo convite aos que tiverem paciência de ler este desabafo figadal:

1) Em razão da fiscalização da prefeitura e do Ministério Público, o shopping JK não tem licença de funcionamento. A matéria tece loas ao empreendimento e menciona os “prejuízos” e a “decepção dos investidores estrangeiros”

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,e-so-na--minha--esquina-que-tem-transito-,863165,0.htm

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,multa-diaria-de-r-500-mil-sera-anulada-,874933,0.htm

2) O Prefeito recua, muda de ideia e dá “sinal verde” para a abertura do shopping...
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,prefeito-autoriza-abertura-do-shopping-jk-iguatemi,875098,0.htm

3) O shopping ainda não foi aberto, porque o MP não entrou na lorota e porque não há base legal para tanto, apesar dos esforços do prefeito para encontrar “brechas jurídicas” para a tão sonhada inauguração de mais um templo na cidade:

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,prazo-para-abertura-do-shopping-jk-continua-indefinido,881082,0.htm

Eis aqui o meu convite: Debater como Binho e o dono do shopping são tratados pelo poder público. Discutir como um e outro têm acesso ao poder público. Analisar como um e outro episódio são tratados pelos jornais, pela imprensa. Um clamor ao debate de qual é o papel de anunciantes na política editorial dos órgãos de imprensa. Um convite para enfrentarmos a questão do financiamento das campanhas eleitorais.

Enfim, concluo: O fechamento do Binho é mais uma demonstração cabal da lógica podre, nojenta, excludente e feroz que é a marca desta administração municipal, a de Serra e a de Kassab, pois uma só existe em decorrência da outra. Talvez Binho não tivesse a proteção da “Santa Imaculada da Especulação Imobiliária”, uma santa “empreendedora” que é a santa de devoção do atual alcaide e de tantos outros por aí.

Ou Talvez o colorido do shopping seja tão tamanho que ofusque e as coisas ofuscadas tendem a ter o mesmíssimo tom: cinza.
 

12. junho, 01.