terça-feira, 17 de setembro de 2013

Sabia que o sabiá podia assoviar?




Porque chuva, grave, risco, inunda transborda, alaga, mata, destrói, desabriga. Mas seca, imunda, polúida, olhos vermelhos, respiração difícil, boca seca, mata, destrói, desabriga. Catarros.

Tudo o que queria era uma chuva. Podia ser fina, garoa, como o apelido. Mas aí tomam as ruas com possantes de aço e suas buzinas, todas, ao mesmo tempo. E se tem passarinhos, cantam de madrugada que é para alguém ouvir. Que dia bate estaca, furadeira, empilhadeira, martelo, escavadora, basculante, decibéis e buzinas.

Não são excessos. São só restos. Desejos de ter sido algo que não foi, a cosmopolita, a metrópole, a capital, a locomotiva, a praia. Não foi porque feita de restos, de ideologias de bunda, de sobrenomes, de heranças, de pouca sorte. Dizem que trabalho é virtude. É, mas quando sim. Do contrário é mera exploração, apropriação, aporrinhação, metrô cheio, ônibus cheio, rua cheia, horário cheio. E um vazio. E que maldito cheiro é este?

Não existe amor, talvez. Ou existe: falso, como mercadoria de rede de fast food “amo tudo isso”. Pouca luz porque ou custa caro ou não tem como atender à demanda. Ou existe: clandestino.

As vezes tenho o enorme receio de morrer minha cidade. Dizem que é o Tejo. Mas aí, a lágrima toda é outro rio.


13. setembro, 17.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

É só um jogo....

 
 
"Pai, esse jogo tá muito esquisito. A gente chuta chuta chuta e nada." O Pequeno, visivelmente impaciente.

Mas o Grande, firme. Mas sonado, bocejo, lutando.

Intervalo.

Bocejos... esparramados pelo sofá.

"Molecada, cês tão com sono. Que tal ir para a cama?"

"Vou, pai. Mas só depois do São Paulo fazer o primeiro gol."

Dali a instantes, gol. Abraços, sorrisos e tais.

"Pai, posso gritar na janela?"

"Não... não é para tanto."

E foi dormir, o Pequeno, feliz.

Já o Grande continou na sala.

"Pai, quando eu falei que ia dormir saiu o gol... e se eu for dormir e a Ponte empatar?"

"Filho... você tá com sono..."

Ele levantou.... ficou em pé na sala... a Ponte atacando.... coçando os olhos... bocejos....

"Filhão... vem aqui."

Colocou a cabeça no meu colo e dormiu.

Fim de jogo, levanto do sofá e com o movimento ele acorda. Digo o resultado do jogo.

"Ainda bem que eu fiquei aqui, pai."

...

É... filho... você sequer desconfia o quanto de "ainda bem".
 
São Paulo 1x0 Ponte Preta. Volta de Muricy.
13. setembro, 12.