Segundo o Houaiss, Quodore é uma pequena porção de vinho, uma pequena porção de alimento. Também é uma bebida ordinária, um café ralo, algo para o desjejum. Aqui, são fragmentos, ideias, pensamentos tolos, outros tipos de pensamento. Enfim, um cadinho de alimento...
terça-feira, 12 de maio de 2009
Conjugar o Verbo Crispar
Gosto de tecer tua métrica. Não só os versos, mas o bailado todo. Que começa com teus olhares furtivos e termina, invariavelmente, com teus olhos cerrados. Gosto da métrica como se fosse fita, centímetro em centímetro, deslizes, matrizes de devaneios que sempre acabam com a imagem de tua pele arrepiada, ouriçada em sentimento e vontade.
A métrica pode ser o desejo, o lampejo, o pulsar, o querer, o versar, o invadir, penetrar, consumir. Podem ser simples mãos dadas ou complexas engenharias em beiras de estrado. Quem nunca ouviu um sussurro, um gemido, um pedido? E nisso os versos se confundem com cheiros, perfumes de corpo, de botica e de sexo. Cheiros insubstituíveis, como métricas. Como versos.
Escrever assim remete à métrica. Ao verso composto em duas vozes, em formas, curvas, desvios, fluxos e dentes. Unhas. Enfim, nessa métrica livre, a única regra é a regra mais simples e objetiva, a de rimar gostar gotejar solfejar. Escrever assim poderia ser canto, encanto, afago, doce, amargo ou qualquer dessas coisas que transpiram nesses sentimentos sortidos.
E as regras da boa métrica poderiam ser classificadas como ousadias necessárias para um bom poema. E nesse ritmo, toada, melodia, arrebata a sensação de que nunca mais seremos serenos, tranqüilos, exatos. Portanto, de hoje em diante, estabelecemos um único regulamento necessário e talvez indizível: As roupas ficam no cabide ou no chão, porque a respiração aquiesce e aquece, e rimam.
09. maio.
lista para a despensa
guarda roupa,
vinho quente
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