Já que o mundo...
É que uns vão viajar, outros vão sumir das internets, outros sei lá o que.
Então, para quem visita a quitanda:
Saiu do forno a ceia de ano novo!!!
__________________
Notas sobre o fim do mundo e desejos dum mundo novo!
Outro dia ouvi que o
mundo ia mesmo se acabar. Desconfio que um dia irá, mesmo. Ainda que
seja o fechar de olhos. Sou dos ateus que acreditam em deuses e
deusas, sobretudo estas, mas sempre no plural. Faço oferendas aos
santos católicos, principalmente Francisco e Benedito. Gosto da
igreja perto da minha casa na infãncia, por causa da luz, luz mesmo,
do sol, quando entra pelos vitrais. Gosto daquela igreja ali na
Liberdade, pequenina, numa travessa, tem cara de milagres. Faço
questão de acender incensos em casa para acalentar aqueles que me
visitam, e são muitos, embora de espiritismo tenha só as histórias
da família por parte da minha mãe, principalmente da Vó Teresa, e
da minha saudosa madrinha, Jane, tia do meu pai. Afago Iemanjá quando vou
ao mar, pensando nela e torcendo – pedindo – para que ela leve as
coisas ruins com as ondas do mar. Ponho os pés numa bacia de sal
grosso e tem gente que eu não gosto de ficar muito junto, porque
saio pesando uns dezoito quilos a mais.
Sempre acreditei
muito nos homens e nas mulheres e ando a aprender que há homens-mulheres, mulheres-homens e acreditar muito neles. Por isso tenho os
deuses e as deusas nas minhas preces, que são conversas comigo
mesmo, meus infinitos. Mas ando com uma descrença que beira o
desânimo. Porque cada vez mais somos “arenas” com almofadas do
que estádios com bandeiras, somos cada vez mais só cerveja importada,
carro do ano, televisão de plasma, mais prédio de escola do que espaço que educa, mais governabilidade e menos tesão, mais posto de
gasolina e menos sapataria, mais grife que alfaiate, mais falo viril
varonil do que pinto.
Sincera, e
honestamente, o mundo não acaba no dia do calendário maia. E não é
porque eu não acredite nessas bobeiras, que de bobeiras tem só o
erro na data e as catarses injustificadas justificadas só para
ganhar uns trocos. É este maldito desânimo que insiste em ser
enfrentado pelos meus botões, pelo “bola pra frente”, “me faz um carinho,
neguinho”, “cafuné, dengo, mamulengo, saudade, chocolate”,
“pai, me dá cá um abraço”, “eu te amo”, os vestidos
floridos, os girassóis, os tubinhos pretos básicos, bola de
futebol, torresmo e cousinhas assim, aqui, ali, alhures e acolá. E com o sorriso de quem me lê.
E que apesar do fim
do mundo, há muitas linhas que ainda não escrevemos.
Feliz Ano Novo!!!