sexta-feira, 5 de abril de 2013

TV ligada no futebol





Uma querida, dessas gentes que a gente tropeça e ficam parte da gente,  a Veronika me convidou para algo inusitado e desafio - logo eu, um torresmo dependente: "criar uma corrente diferente. uma corrente de textos com receitas. um conto, uma historinha que tenha inserido uma receita que não use carne de nenhum bicho, com ingredientes, medidas, modos de fazer. para não deixar ninguém muito laconico nem muito prolixo, temos escrito mais ou menos 5 mil caracteres com espaços em branco."

E entre uma e outra noitada de futebol, percebi que tinha a história pronta... 

Sei lá... estou sentindo o cheiro do refogado... 


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"Ao futebol, que assistir também é missa".




Sabe o que é? São talos de erva doce. Sim, mergulha num copo, com água gelada e sal grosso. E serve assim mesmo. Sei que é futebol, tem cerveja gelada. Mas ó, sabe brócolis, depois de ferver na água, refoga um cadinho, deixa ficar um pouquinho preto o alho, sim, só um cadinho. Se quiser, deixa o talo fritar também... Vira porção, da boa. Para esperar o jogo começar. Cê vai ver... salsão, também combina com esse negócio do copo de água. Cenoura. O segredo é um pouco de azeite... num mistura com a água mas dá gosto.




É... caqui. Sim, do mole. Me confundo todo nos nomes, sei que é assim. Corta em pedaços, com a faca na direção da tábua e vai, corta. Aí pega aquele parmesão, não o ralado, aquele outro que a gente compra para comer com cerveja. Se tiver velhinho, melhor, curado. Sim e mistura, faz um “sanduba” do caqui com o parmesão... É, divino, eu sei. Olha lá, o Fulano vai jogar. Tô achando que é hoje!!! Pega uma cerveja pra mim.




Ah, velho... queijo e fruta. Vai na fé. Carambola e provolone. Queijo meia cura e maçã. Não faz essa cara de merda. E para não perder a piada, cê sabe que sou São Paulo! Quanto mais curado, gosto de usar a metáfora do chulé, melhor. Aí é misturar. Sabe pêra... pois bem, fica bão. Liga o rádio, vão dar os times.




Rapaz, essa é veneno do bom. Endívia. Tá vendo que, separando as folhas, parece uma barca a bonita. Barca, de pescar, tonto. Então, recheia. Sim, sei que a gata é vegetariana e tal cousa e lousa. Então não faz o trem com patê de atum. Inventa outra cousa aí. Isso aí é cuscuz marroquino. Cê compra em supermercado. Fácil, fácil. Duas colheronas cheias na xícara, despeja neste prato fundo aí. Antes, vem cá, põe para ferver água e sal. A medida da água? Sabe as duas colheres, o quanto encheu a xícara? Então, um pouquinho mais de água. Deixa ferver e despeja no prato. Depois, espera secar e mistura com o que quiser. Aí tem ricota que moí e temperei com pimenta. Fica uma barca de cuscuz com ricota... O nome até impressiona. É bom, eu sei. Porra, sai da frente da televisão!!!




Maçã, meu caro, que sempre sobra na geladeira. É só botar para ferver, fazer uma papa. Não é invenção. É caixa, batata, espeto, gol. Papa de maçã vira a base do mousse de goiaba! Depende é da tua vontade e do que você misturar... Põe a gororoba de maçã e mistura com goiaba também papada e fervida no liquidificador, põe a mistureba nos potes e leva para gelar. Golaço!!! Porra, eu não peneirei as sementes, dá um trabalho da porra... mas cê você quiser... a goiaba é tua.




Porra de time! Vai caçarola!!! Vai!!!! Sim, é isso mesmo: Refoga a escarola, exagera na cebola. Bonito.... refogar... é tão simples que nem dá para usar a desculpa que tem medo de fogão... sabe essa panela aí... põe um tintim de azeite, um fio.... balanga a panela... o alho cortado, a cebola, o tomate, tudo picadinho, sim... despeja, lentamente, com carinho.... Putaquelospariles, sente o cheiro disso!! É vida!!! Dourou o alho, sem torrar, despeja a escarola! Escuta o barulho... tampa um pouco... Olha que lindo.... O segredo, agora, meu camarada, é o azeite, o melhor amigo do homem. Dá uma perfumada depois de colocar nas torradas... e leva pro forno. Queridão, é pão velho, que sobra... não tem bolor, serve. Rapaz, quanta fome, vai com calma que o segundo tempo a gente vira essa bagaça! A geladeira tá cheia de cerveja.




Tá gostando da comida, né, bocó? Amendoim é bão mas dá saudade no estômago!



13. abril, 05. 


Outros textos da corrente, para saborear:


2 comentários:

vpaulics disse...

que bonito. gol!

ex-amnésico disse...

Vai aí minha receita (é, minha mesmo, ensinei pra minha mãe! :)):

Numa frigideira daquelas velhas, sem teflon, dá uma banhada de azeite (se não tiver, vai óleo falsificado mesmo), deixa esquentar e põe umas rodelas de abobrinha empanada em farinha de trigo e ovo (ovo pode, né?)

Putz, a essa hora... dá água na boca!