terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Cotovelos

Este é um dos primeiros textos de uma série: Cotovelos.

Tem alguns espalhados nos caderninhos de anotações, divagações, contas penduradas e afins. Aos poucos, os recupero.

Uma polida aqui e outra ali.

Devia ter uma canção ao fundo, que ainda não escolhi.

Mas cá está, já exposta no balcão desta mercearia.

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E ela?


Bom, ela se foi. Acordou, fez a mochila e se foi.


Tinha calcinha, sutiã, calça, camiseta e um vestidinho de alça, tão lindo.


E foi tudo, na mala.


Levou também meus possessivos todos: minha, nossa, teu.


E ela? Bom, ela se foi. E quando acordei, só o travesseiro.


E aquele perfume. E aquele pijama que eu lhe emprestei.


E ele?


Bom, ele está a olhar para o teto. Acordou, entendeu e está lá.


Olhar ao nada. Olhar ao lado vazio. Olhar para dentro. Olhar, de olhos fechados.


Tinha raiva, lembrança, saudade e umas memórias, algumas tão lindas...


Daquilo, tudo ficou. Só os possessivos ficaram indefinidos.


Aquele perfume? Não sabe.


Mas o pijama... outra usará.


sem data. no caderno, o azul.



2 comentários:

Flah Queiroz disse...

Muito, muito bom!
Belíssimo jogo de palavras que me rendeu aquela dita 'inveja branca'.

Clap clap clap!

Julianna Granjeia disse...

Os possessivos sempre tão indefinidos. Que ironia! E os pijamas, sempre repassados. Belíssimo! Aguardo a continuidade da série :)