sábado, 11 de agosto de 2012

Não deixe o trem correr sozinho...

A quitanda reconhece que os contos, poemas, croniquetas e fusquetas estão no forno... mas estão demorando.

Entretanto, é ano de eleição. E os meus poucos leitores sabem que na quitanda também tem política e pastel de feira.

É como boteco.

E num papo de boteco, resolvo aqui expressar considerações sobre as eleições municipais de São Paulo, cidade onde moro.

E indicar um voto para vereador

O texto é longo. Mas fica o convite.

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Sobre as eleições municipais: A Câmara Municipal não pode ficar como está.


Talvez o mais importante de uma eleição municipal seja o voto que a gente pode dar para eleger alguém para a Câmara Municipal. O tal vereador.

Sempre brinco quand
o vejo aqueles espigões, prédios enormes que rompem a harmonia do bairro sem delicadeza alguma e até com alguma desfaçatez, com uma frase: “Esse empreendimento aí tem uns dois vereadores.” É brincadeira, antes que algum nobre edil se sinta ofendido, ofendidíssimo, caluniado. Mas diz muito: Nos processos de fiscalização das ações e das políticas municipais e nos processos legislativos, é a Câmara Municipal que desempenha papel crucial para a cidade: a leniência, a conivência, a condescendência são sempre muito cruéis para com a cidade. Basta lembrar-se dos escândalos das regionais do Pitta e do Maluf. Basta olhar para a gestão Kassab e sua lista intermináveis de descasos, de proibições e de festas do setor imobiliário – A Câmara foi cúmplice em tudo. E a oposição, no caso de Kassab, por sua atuação tíbia, tímida ou inconfessável parceira, foi também responsável pela farra e pelo desgoverno.

Todo mundo gosta de esquecer a Câmara. A bem da verdade, se dá de ombros para a questão, deixando a decisão do voto e a fiscalização do exercício do mandato para terceiros e chafurdando no lugar comum de que “todos são iguais, tudo ladrão, tudo chupim.”. E a Câmara acaba se tornando uma secretaria da paróquia, apta a resolver conveniências aqui e acolá: “Tem uma árvore para podar... acho que vou pedir para o vereador fulano de tal mandar lá um ofício para a regional”. Enfim, uma lástima.

Nestas eleições, até pela característica de disputa entre tucanos e petistas - naquele papinho mole de que eles são os demônios e nós os iluminados, e vice versa – as vagas na Câmara precisam ser preenchidas com mais cuidado, zelo e precaução. A oposição que se fez ao Kassab, de uma tibieza de dar dó, dó da cidade, mostra que é absolutamente necessário garantir o contraditório, a voz destoante, a crítica, o chato e a chata, no parlamento municipal.

Assim, faço meu primeiro texto sobre as eleições de 2012 sobre as eleições para o Parlamento municipal e opino: É fundamental encontrar no voto esta capacidade de inconformismo. Um chato – ou uma chata – faz toda a diferença. Uma voz crítica eleva o debate, pode ajudar a desnudar as hipocrisias. Um voto contrário pode jogar luz numa ação obscura. Alguém que não tenha sido eleito com financiamento de bancos, imobiliárias, empreiteiras pode acordar a cidade. Basta de administrar para atender à lógica de quem financia a eleição.

Feitas estas reflexões, quero expressar minha opinião: No legislativo não dá para não votar e não recomendar o voto no PSOL. Sim, naquele partido que os jornalões chamam, pejorativamente, de nanico. O nanico que com três deputados federais consegue fazer um barulho enorme no Congresso Nacional. Três entre mais de quinhentos. Na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, terra onde nunca se instalam CPIs para fiscalizar os governos do PSDB, há um único deputado do PSOL que faz um baita barulho. No Senado, também, unzinho. Ivan Valente, Chico Alencar, Jean Wyllis, Carlos Gianazi, Randolfe Rodrigues podem ser considerados tudo: chatos, radicais, esquerdistas, moralistas. Mas ninguém duvida da seriedade com estes parlamentares exercem seus mandatos. Ninguém pode desconsiderar que nas votações polêmicas, concordando ou não com a opinião destes parlamentares, do Código Florestal à cassação do mandato do Demóstenes Torres, os parlamentares do PSOL sempre são ouvidos, ponderam, se posicionam, não fogem. Marcelo Freixo, esta raridade da política nacional, é deputado estadual pelo PSOL do Rio de Janeiro.

Eu vou votar no Gilberto Maringoni . O número dele é 50.550. A página na internet é WWW.maringonivereador.com.br

Conheço o Maringoni desde os tempos em que trabalhei com a Tereza Lajolo, na Câmara Municipal, na última década do final do século passado. Às vezes, nas discussões partidárias, ainda no PT, tivemos posições antagônicas, às vezes concordamos. Mas ele sempre foi correto nas relações políticas, coerente e sempre, sempre, se posicionou. Não tem medo de não agradar, o que um enorme passo para convencer acerca da qualidade deste voto. Cartunista, faz rir com críticas ácidas e que nos fazem pensar, refletir, dialogar. Historiador. Político. Sim, precisamos de mais políticos na Câmara e menos de párocos interessados nas relações mesquinhas de poder e de manutenção de espaços e mandatos. É isso. Quem quiser falar mais de política, perguntar, debater, criticar, me procure por aqui, por email, no blogue, no boteco. Quem sabe a gente não vai numa reunião do Maringoni, juntos?

É isso aí.

12. agosto.

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