terça-feira, 20 de novembro de 2012

Cócegas como sanção

 
 
O papel do legislador
O original, aqui: http://www.facebook.com/Quodores/posts/193140317485981
 
 
Exercendo o papel de magistrado...

Bom... jogavam pebolim na sala... um "totó" daqueles pequenos, sem mesa, para jogar no chão.

Pela primeira vez em zilhares de anos o Pequeno aplicava uma sonora goleada no Grande. Óbvio, utilizava de escaramuças diversas e aproveitava a aparente boa vontade do irmão mais velho... "Pênalti!!!" E colocava a pelota na frente do atacante e mandava ver... ainda reclamando com o outro: "Ó... não vale mexer nenhuma peça! É cobrança de pênalti!"

O Grande levava na esportiva, embora fosse só um disfarce da alma.

Lá pelas tantas, o Pequeno sai pela sala comemorando a vitória maiúscula.

Quando olha para trás, o Grande tinha mexido no placar e fazia um tento de empate, quase colocando a bola dentro do gol. Pronto...

O Pequeno rugiu em fúria. Ficou vermelho, raivoso, emputecido. "Você está roubando!!! Isso NÃO vale!!!" E partiu para o confronto.

O outro, ria. Mas percebeu-se em apuros.

Tive que intervir: "Chega! Vamos acabar com esse jogo. Quem não sabe brincar, também não joga!"

....

Minutos depois, mudaram de brincadeira. Com uma figurinha do D'Alessandro do Internacional de Porto Alegre ("Pai... olha... é uma figurinha Do Alessandro, do Náutico!") começaram uma renhida batalha de bafo.

O Grande anda a aprender mumunhas do jogo. "Olha, isso não vale, quinô." (Nota da redação: quinô é quando a figurinha ao virar fica apoiada em alguma coisa, não completando totalmente a "virada", o popular "deu quina nalgum lugar"). E o Pequeno, ia aceitando, sem muita certeza de que a regra estava correta.

Bem.. a toada seguia. "Opa! Assim não vale... deu colinha!". "Sim, desse jeito pode... é "canoa" e a gente pode assoprar!" (Nota da redação: "canoa", desde antanho, é quando a figurinha fica em formato de barco e podemos fazer vento com as mãos para ela virar). Evidente, o humor do Pequeno foi se alterando, para pior.

Percebi. E, rápido, ligeiro, antes do caos, estabeleci regras. Sentado ao lado deles, no chão, mandei: "Olha, se o Pequeno ficar bravo eu pego e faço cócegas" - E pequei o menino e desatei a fazer cócegas. Os dois riram, amenizaram a disputa. "E se o Grande provocar.... também faço cócega." E dei um susto no mais velho, fazendo-o contorcer. "Eu sou o juíz!".

Enfim, lá pelas tantas, depois de cócegas aqui e alhures, o Pequeno pegou as manhas e começou a vencer... E, óbvio, começou a sacanear o outro. Que ficou contrariado, quase que visivelmente. Antes da cousa descambar, soltei:

"Olha, Pequeno... não é porque você pode provocar que você pode exagerar... você está extrapolando seus direitos... vou fazer cócega também!!!" O outro abriu o sorriso.

"E você... se ficar bravinho... também...".

Depois de algum silêncio (e depois de perguntarem "o que é extrapolar?")... os dois pulam em cima do pai. 
"Paiê.... faz cócega!!!".

Um comentário:

Anônimo disse...

Ter irmão é também ter alguém pra azucrinar pro resto da vida...