Era moleque. E aquela música de fim de domingo, fosse a vinheta dos "Trapalhões", do "Fantástico", do "Silvio Santos" ou o vt do jogo da tarde com o Peirão de Castro ou o Fernando Solera na TV Gazeta, me deixava macambúzio.
Talvez, mesmo, algo na transição entre o final de semana e a segunda me chateie.
Ou seja só inspiração para escrever cousas...
Tomara.
Saiu este aí abaixo...
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Queria, ontem.
Hoje, não sei. E não
sei se é por causa do tempero, da minha aversão ao que foi, da
minha maldita ansiedade. Só sei que não. Mas ontem... queria.
Tremas deveriam
voltar, acho. Eram charmosas. E a gente sabia que tinha que mexer com
a língua. Portuguesa. Mas a regra da trema, e a da crase, nunca
soube completa. Mas a dica, no caso da crase, é sempre colocar no
masculino: ao, craseia. Mas a regra, nunca soube.
O fato mais complexo
deste mundo é o porque tantas coisas ao mesmo tempo. Se a gente não
dá conta de uma. Talvez ler um livro e ouvir música. Mas só
talvez. Porque trabalhar e pagar conta, essa conta quase nunca fecha.
É aí que domingo.
Queria, muito ontem.
Hoje já não sei. Talvez seja a fórmula que encontrei para
desgostar das coisas. Algo para quem por culpa. Quando a
responsabilidade fica muito pesada, na verdade, quando os fatos ficam
muitíssimo previsíveis. Em sua chatice, amanhã tenho que acordar
cedo.
Sempre me lembro de
comprar aquele perfume de vaso sanitário tarde demais. Aquele cheiro
de xixi é que me rememora. Poderia ser diferente, se levasse lista
para o supermercado. Mas não levo, insisto. Nas gôndolas, nas
guloseimas gordas. Nos preços que não leio. Na conta que não
fecha. E mesmo assim reclamo de tudo, conta, salário, mês, acordar
cedo, domingo, televisão aberta, triglicérides. Podia era beber
menos, talvez.
Mas o fato
incontroverso, a única verdade verdadeira, é que ontem... eu
queria. Nem sei mais o quê, também é verdade. Incontroversa. Desta
alma que não pára de negar o acordo ortográfico. Talvez devesse
mesmo era queimar gravata em praça pública, andar descalço na
praia, quebrar umas vitrines de banco, foder num juros altos. Mas
ainda assim, pouco me recordo, mas lembro: Ontem, eu queria muito.
13. outubro.
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