quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Os fiozinhos e a Liga da Justiça

Confissões da Primeira e da Segunda Paternidade



Sessão Animada



"Pai, não é que os pensamentos são como um carrossel?". "Como, filho, como?". "Pai, os pensamentos são como um carrosel, são os fiozinhos que ficam girando na cabeça da gente.".

Era um fim de tarde. Hora do banho. Saída do banho. O Pequeno ainda se deliciava no chuveiro e o Grande era "secado". E a expressão no rosto do Grande era qualquer nota. Olhos imensos, como a curiosidade. Demorei algum tempo para compreender a bonita frase do menino. E, de fato, feito carrossel comecei imediatamente a sonhar.

É muito bom viver essas coisas. Ainda vou escrever sobre este carrossel, depois que este pavão que tomou conta dos meus devaneios paternos se acalmar. Aliás, o pavão pode se transformar um verdadeiro vilão se não administrar estes devaneios.

Numa brincadeira na sala, pai sendo o vilão inventado pelo filho, mas sem saber muito quais eram os seus "poderes", uma correria louca e frenética tomou de assalto todo o apartamento. Era a terrível invasão do monstro com garras feias e grandes contra todos os heróis do mundo. E o pequeno, cantarolando como se fosse uma trilha de fundo, habitual como as trilhas dos desenhos animados: "Enquanto o Sangue vem aí pra aprontaaaaaaar, o Raio ta aí pra derrotaaaaar.". Quando eu percebi que eu era o vilão Sangue e que nossa história já tinha trilha sonora caí numa gargalhada que atrapalhou a brincadeira. Um coro, de profunda braveza: "Paiê!!! Assim não...". Mas minha risada era uma arma letal e os capturei aprisionando-os na fortaleza do malfeitor, minha cama.

Bom, a série animada, além do vilão Sangue e do Raio, herói criado em coletivo de idéias, tem outras personagens incríveis: O Rolha, que tem poder sobre todas as garrafas, é um vilão terrível. Quicóvitch é um leão gigante com espinhos e com um mecanismo nos dentes que o transforma ora em Batman, ora em Superman. O Pipóvitch, uma resposta do Grande à criação felina do Pequeno, primo do Quicóvitch, com poderes sobrenaturais, que as vezes é um fantasma vermelho, outras um Leão sem gravata, sempre veloz e capaz de pular quarteirões. E o Pum, baseado nos poderes do papai, um vilão cheio de gás!!!

Bom... chega de devaneios. O Pavão está definitivamente passeando por aí. Quem sabe com este texto encontramos os "súperes" capazes de dedurar este vilão!!!

09. outubro, 05.

10 comentários:

Marcelo Cunha Bueno disse...

Belíssima experiência... essa... a de ser uma pai-vão em palavras!!!
Os filhos-crianças são os verdadeiros "súperes" dos adultos...
Um super abraço,
Marcelo

Eliana Klas disse...

Um vilão cheio de gaz???
Agora é a minha vez: Argh!

Muito bom, muito mesmo!

Renata disse...

Eu sabia que esta frase do Grande renderia um grande texto nas mãos do vilão! Lindo texto!
E que bom que vc voltou pra cá.

Andréa Motta - Conversa de Português disse...

OI, Fernando. Obrigada pela visita. Estou com vergonha: há muito tempo não visito aqui, mas eu ando numa correria enorme no trabalho; tenho até escrito menos.
Li seu comentário sobre a minha entrevista e não acho que eu saiba tanto assim...
Sobre ser "blog" ou "blogue", as duas formas estão corretas. Nós, brasileiros, preferimos a primeira forma enquanto, entre os nossos irmãos portugueses, a segunda é mais usada.

renato parente disse...

Que barato! O pequeno fez poesia pura. Grande lance esse de pai monstro peidorreiro! Abraços, meu caro!

Denise Carceroni disse...

Fernandinho, querido!

Maravilhoso seu texto (como sempre). Que pai fantástico (isso pra mim é novidade, mas não surpreende!).
Se permitir gostaria de publicá-lo no meu blog o Criando Crianças. Será uma lição e tanto.

Super beijo

Marcos Bonilha disse...

Esses meus amigos bolunáticos não cansam de me surpreender.

Texto fantástico, experiência mais ainda.

Esse orgulho do pai-vão mesclado com a alegria de viver esses momentos com os filhos deve ser de outro mundo.

Parabéns Fernando.

Abraços

Marcos Bonilha

Juliano Basile disse...

Para ser o pai-herói devemos ser também o pai-vilão. Bela mensagem! Belo texto! E nada de rir dos embates vilânicos dos pequenos!!

Gerson Sicca disse...

e a frase do teu guri lembrou-me o meu cunhado, que um dia, qdo ele tinha uns 7 ou 8 anos, me perguntou se às vezes vinha um monte de coisas ao mesmo tempo na minha cabeça, pois isso acontecia com ele. Era o carrossel!
Pena que com o tempo o carrossel estrague e a maioria das pessoas abandone a profussão de ideias pelos preconceitos arraigados.
Muito bom!
Abraço!

ex-amnésico disse...

Pô, assim não vale! Agora não dá mais pra eu ser pai!

Inveja...

E eu nem sei se é de você ou deles!


:P