quarta-feira, 2 de abril de 2008

Silêncios...



Poema muito antigo... Já estava na faculdade. Gosto. E desgosto. Sei lá...


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viagem na revolução dos homens



I.

o grito é surdo, é dor
inaudível o grito doí, corrói
arde o íntimo, destrói
o gosto é amargo, mau sabor
o paladar desgosta, é ruim
e o homem amedrontado vê o final. Vê o fim
ódio ao que vê, repúdio ao seu odor.


hipocrisia invade as narinas
o cheiro fétido desorienta
homem desmaia, desiste
há coragem em ruínas
pálido o corpo se apresenta
e a hipocrisia manda, insiste
destruição...
corrosão...corrupção.

o frio é intenso, as roupas não o são
esperança hemorrágica
a fome é farta, a comida não
ácida, a desilusão queima
o saber é fácil, e as escolas ...
imoral, perplexidade metafórica
o homem é humano, suas atitudes é que duvidam.

doença fetal, fatal, final.
o credo é limpo. E as igrejas são ?
coisas, objetos e como mensurar a farsa que somos nós?
o sonho é belo. E o acordar ?
intocável moral. vazia e amoral
destruído, corroído, corrompido






II.

o grito não é surdo, distante
homens nus quebram espelhos
a falsa imagem arde, reflexos que mentem
revolucionários entendem o grito
a moral apodrece suas instituições dementes

VOZES ESPLENDOROSAS, VIVA O INAUDITO!


doente impassível, inaudível
finge ter suas posses
imprestável imagem, irreparável
revolucionários e suas vozes
passos fortes, decididos por um caminho favorável
revolução caminha, incontestável
sem traumas ou credos. Simples e Memorável!



III.

cuidado com o insano, com os homens
o dono do hospital não atenderá o doente
impassível
inaudível, inassistível
o dono da fábrica fabricará seu ácido
desilusão neutralizada voltará a queimar
revolução passará, gritará
doente surdo, mudo, cego não vai perceber, ou entender


Aos revolucionários restarão as rosas
o horrível cheiro da hipocrisia
a insanidade na desilusão
o amargo gosto
decepção


Aos gritos prevalecerá a surdez
um resto de esperança hemorrágica
pequeno florescer de rosas


A primavera e talvez um dia de vitória


1991.janeiro.07

2 comentários:

Anônimo disse...

Forte e denso.
Gosto dos seus poemas, principalmente dos antigos (dos idos da Rasgando o Verbo)!
Quando será mesmo o lançamento do seu livro? risos...
beijo.

Vanessa disse...

Decidi ler seus textos e poemas devagarzinho... Gosto quando o ato de descobrir se dá de maneira vagarosa, parece que é uma forma da memória utilizar o "para sempre".
Mas, achei que não me surpreenderia mais com seus escritos. Engano meu!
E que engano bom!!!
Não deixe de escrever... Minhas sensações e sentidos agradecem!