sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

O metropolitano e a chuva



A felicidade é uma pétala de flor

Era sexta feira. A menina sorri e o imagina todo de branco, a roupa encharcada e a calça completamente suja pela enorme poça. E ele com um inusitado sorriso no rosto.

O dia estava triste. A chuva forte já arrepiara a cidade, o caos era palpável e a Nove de Julho, com seus bem cuidados bueiros e dutos subterrâneos, esburacada. O jeito era pegar o metrô no Anhangabaú, pois parecia impossível chegar à Sé andando nas calçadas lotadas de filas nos pontos de ônibus, repleta de condutores de guarda chuvas sem carteira de habilitação e com o trânsito completamente ensandecido. A Cia. de tráfego desviara o fluxo para impedir o acesso ao buraco na avenida.

A menina então se dirigiu ao Largo São Francisco, e era dia de missa especial e o lugar estava abarrotado de gente. Tropeçando na ladeira ela chegou na estação de metrô, seu passe havia se molhado e a fila, para comprar outro, tenebrosa. E chovia...
A menina se depara com o bilheteiro sem troco e uma senhora resolve lhe pagar a passagem. Finalmente um obrigado na multidão e quando se ouviu o "nem tem por que" muitos se enrubesceram.

O trajeto não era simples, a baldeação na Sé, sempre lotada, era o único caminho. O primeiro trem foi impossível encarar. Todas as sardinhas estariam rindo no conforto de suas latas. O tempo passa e ela finalmente se encorajou e entrou no vagão. Vagão lotado... E tinha estudante estudando, um senhor lendo revista pornô e gente, muita gente. E a estação Santa Cruz estava chegando e o desespero aumentando. A menina quase chora e num instante de intensa coragem empurra uns seis, conseguindo, enfim, sair da lata. E eis que falta energia elétrica e é gritaria e bolsas roubadas e correria. A menina encosta na parede, espera a luz, o pânico se incorporou ao temperamento. Assobia uma música... "Viver e não ter a vergonha se ser feliz". A luz volta e ela desiste de sua apreensão, quase sorri e, tranqüilamente, toma o caminho de casa.

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